Cartografia
A cartografia é uma área do conhecimento voltada à análise e produção de materiais cartográficos, ou seja, de representações gráficas do espaço. Essas representações podem ser em formato de cartogramas, mapas ou plantas. Em resumo, consiste em uma série de técnicas que representam uma localidade de forma reduzida em relação à sua dimensão real.
Considera-se que os mapas são utilizados desde o período pré-histórico, quando grupos desenhavam localizações no interior das paredes das cavernas e organizam suas atividades de caça e pesca. Com o passar do tempo, os mapas foram sendo realizados com novas técnicas cartográficas e atualmente é possível utilizar a tecnologia de satélites para mapas cada vez mais precisos sobre qualquer lugar do planeta.
O mapa mais antigo de que se tem notícia é o Mapa de Ga-Sur, feito por babilônios cerca de 2.500 anos a.C. na
antiga Mesopotâmia, ou seja, tem hoje aproximadamente 4.500 anos. Foi descoberto em um sítio arqueológico em
uma cidade chamada Ga-Sur, situada no atual Iraque. O mapa foi esculpido em argila e representava as margens de
um rio, que arqueólogos acreditam ser o Eufrates.
Em muitos momentos a história da cartografia se mistura com a história das estratégias de conquistas territoriais. Durante as grandes navegações, no século XV, os mapas auxiliaram na expansão marítima e comercial da Europa, por exemplo. Nesse momento, a cartografia era realizada com base na Ciência Moderna.
Atualmente, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) define a cartografia como uma representação geométrica plana de partes ou de toda a superfície terrestre. Os mapas são muito importantes na nossa sociedade, pois permitem realizar levantamentos políticos, econômicos, ambientais e sociais. Ou seja, contribuem para as tomadas de decisão na área de planejamento e organização territorial.
Na Geografia, eles são úteis tanto para o estudo e análise de aspectos sociais quanto físico-naturais.
É importante ter em mente de que os mapas são construções humanas, ou seja, não são produções neutras e por isso refletem as mentalidades de cada época de acordo com seus interesses e objetivos. Os mapas não são a realidade exatamente como ela é, mas sim sua representação, o que implica em uma série de distorções relacionadas às intencionalidades de quem os produz e das técnicas das quais dispõe. Um mapa sempre apresenta distorções pois trata-se da projeção de uma superfície esférica, por assim dizer, em uma superfície plana, ou seja, os mapas
são uma tentativa de representação de algo em 3D (o globo terrestre) para 2D (o mapa).
Por Séquito de Joachim Patinir – http://www.nmm.ac.uk/collections/explore/object.cfm?ID=BHC0705, Domínio público.
Questões
1) UERJ – Naquele Império, a arte da cartografia alcançou tal perfeição que o mapa de uma única província ocupava uma cidade inteira, e o mapa do Império uma província inteira. Com o tempo, estes mapas desmedidos não bastaram e os colégios de cartógrafos levantaram um mapa do Império que tinha o tamanho do Império e coincidia
com ele ponto por ponto.
Menos dedicadas ao estudo da cartografia, as gerações seguintes decidiram que esse dilatado mapa era inútil e não sem impiedade entregaramno às inclemências do sol e dos invernos. Nos desertos do oeste perduram despedaçadas ruínas do mapa habitadas por animais e por mendigos.
BORGES, J. L. Sobre o rigor na ciência. Em: História niversal da infâmia. Lisboa: Assírio e Alvim, 1982.
No conto de Jorge Luís Borges, apresenta-se uma reflexão sobre as funções da linguagem cartográfica para o conhecimento geográfico. A compreensão do conto leva à conclusão de que um mapa do tamanho exato do Império se tornava desnecessário pelo seguinte motivo:
a) imprecisão da localização das regiões administrativas
b) extensão da grandeza do território político
c) precariedade de instrumentos de orientação tridimensional
d) equivalência da proporcionalidade da representação espacial
2) Enem – O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia ensina indígenas, quilombolas e outros grupos tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento para produzir mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras.
LOPES, R. J. O mapa da floresta. Folha de S. Paulo. 7 de maio de 2011 (adaptado)
A existência de um projeto como o apresentado no texto indica a importância da cartografia como elemento promotor da:
a) expansão da fronteira agrícola
b) remoção das populações nativas
c) superação da situação de pobreza
d) valorização de identidades coletivas
e) implantação de modernos projetos agroindustriais
3) UFSC- A linguagem cartográfica é essencial à Geografia. Nesse âmbito, considere
as afirmações a seguir.
I. O mapa é uma reprodução idêntica da realidade.
II. São elementos que compõem os mapas: escala, projeção cartográfica, símbolo ou convenção e título.
III. A escala é a relação entre a distância ou comprimento no mapa e a distância real
correspondente à área mapeada.
Considerando as três assertivas, pode-se afirmar corretamente que:
a) apenas I é verdadeira.
b) apenas II é verdadeira.
c) apenas III é verdadeira.
d) apenas I e III são verdadeiras.
e) apenas II e III são verdadeiras.
GABARITO
1- D
Um mapa representa o espaço em uma escala reduzida, o que auxilia no planejamento territorial. Um mapa em uma escala proporcional à realidade é inviável pois equivaleria à própria dimensão do espaço representado.
2- D
A cartografia pode ser utilizada por grupos tradicionais a partir da união de técnicas modernas de georreferenciamento com a autonomia e conhecimento dessa parcela da população sobre seu território.
3- E
Um mapa não é um retrato fiel da realidade, mas sim sua representação, o que envolve seleções de acordo com o que se pretende representar e distorções próprias do ato de projetar.